Os Monofisitas da Armênia têm uma história rica e impactante na religião. A doutrina monofisita surgiu no século V como uma reação ao Nestorianismo. Elaborada por Eutiques, a doutrina defende que Jesus Cristo possui apenas uma natureza, a divina. Essa heresia teve origem no Egito e se espalhou para a Palestina e a Síria.

Hoje em dia, o monofisismo é ainda professado por três igrejas independentes: a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Ortodoxa Síria e a Igreja Ortodoxa Copta do Egito e da Etiópia. A história desses monofisitas na Armênia é fascinante e revela a importância da sua herança religiosa na região.

Nestório e a controvérsia cristológica

Nestório, patriarca de Constantinopla no século V, acreditava que em Cristo havia duas naturezas distintas, divina e humana. Ele se opôs ao termo Theotokos, utilizado para se referir a Maria como “Mãe de Deus”.

“Nem Deus nasceu de Maria e nem o Filho de Deus sofreu pela humanidade.” – Nestório

Essa controvérsia girou em torno da compreensão da divindade e humanidade de Cristo e levou à convocação do Concílio de Éfeso em 431.

A controvérsia cristológica no Concílio de Éfeso

No Concílio de Éfeso, realizado em 431, a doutrina de Nestório foi condenada e considerada herética. Os bispos presentes no concílio reafirmaram a crença na natureza divina e humana de Jesus Cristo, defendendo que ele era verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, numa única pessoa.

Doutrina de Nestório Doutrina do Concílio de Éfeso
Afirmação de duas naturezas distintas em Cristo: divina e humana. Afirmação da união hipostática de duas naturezas em Cristo: divina e humana.
Recusa em chamar Maria de “Mãe de Deus” (Theotokos). Aprovação do título de “Mãe de Deus” para Maria.
Ênfase na separação das naturezas. Ênfase na união das naturezas em uma única pessoa.

A condenação da doutrina de Nestório no Concílio de Éfeso teve um impacto significativo no desenvolvimento do pensamento cristológico. Foi um marco na definição da cristologia ortodoxa, que afirmava a completa união da divindade e humanidade de Cristo.

Controvérsia Monofisita

Arianismo e a influência na controvérsia

O Arianismo foi uma doutrina cristã fundada por Ário, um presbítero cristão de Alexandria, que teve grande influência na controvérsia cristológica. O Arianismo defendia que o Filho, Jesus Cristo, era uma criação do Pai e que houve um tempo em que o Filho não existia.

Essa doutrina foi considerada herética pelo Segundo Concílio de Niceia em 325. Durante o concílio, os líderes eclesiásticos reunidos condenaram o Arianismo e reafirmaram a crença na natureza divina de Jesus Cristo.

O Arianismo teve seguidores significativos que acreditavam na doutrina até o século VII, quando a maioria se converteu ao catolicismo.

Apesar das divergências e controvérsias geradas pelo Arianismo, essa doutrina cristã marcou profundamente a história religiosa e teológica, influenciando debates e buscando compreender a natureza de Jesus Cristo.

Arianismo

Principais pontos do Arianismo:

  • Jesus Cristo é uma criação do Pai;
  • Houve um tempo em que o Filho não existia;
  • A natureza divina de Jesus Cristo é negada.

Monotelismo e a controvérsia em torno da vontade de Cristo

O Monotelismo foi uma heresia que surgiu no Oriente durante um período em que a cristologia ainda estava mal definida. Essa doutrina foi defendida por Eutiques e afirmava que em Jesus Cristo existia apenas uma vontade, resultado da perfeita identificação entre a vontade humana e a vontade divina. Tal controvérsia teológica foi finalmente resolvida no Concílio de Calcedônia em 451, que estabeleceu a existência de duas naturezas em Jesus: a natureza divina e a natureza humana, cada uma com sua própria vontade.

Para entender melhor a controvérsia do Monotelismo e sua resolução no Concílio de Calcedônia, é importante considerar o contexto histórico e teológico da época. No período em que o Monotelismo surgiu, o cristianismo do Oriente estava envolvido em debates e disputas a respeito da natureza de Cristo. A controvérsia girava em torno da compreensão da união entre a natureza divina e humana de Jesus e como isso influenciava sua vontade e ações.

Enquanto alguns defendiam a ideia de que em Cristo havia apenas uma vontade, outros acreditavam que junto com suas duas naturezas também havia duas vontades. Essas divergências teológicas geraram discussões acaloradas e debates acalorados entre as diferentes facções do cristianismo do Oriente.

O Monotelismo foi uma doutrina controversa que buscava conciliar a divindade e humanidade de Cristo através da afirmação de uma só vontade. Essa doutrina foi debatida no Concílio de Calcedônia, que estabeleceu a existência de duas naturezas em Jesus, assim como duas vontades distintas. Essa definição teológica foi crucial para a compreensão da pessoa de Cristo e sua relação com a humanidade.

O Concílio de Calcedônia, realizado em 451, rejeitou o Monotelismo e declarou que em Jesus Cristo havia duas naturezas, divina e humana, cada uma com sua própria vontade. Isso foi considerado uma resolução importante para a controvérsia, já que reafirmava a crença em uma união perfeita entre a divindade e humanidade de Cristo.

Essa definição teológica estabelecida no Concílio de Calcedônia teve um impacto duradouro no desenvolvimento do cristianismo do Oriente. Ela influenciou as crenças e práticas das igrejas orientais, reafirmando a ideia de que Cristo é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem.

Para ilustrar melhor a resolução da controvérsia do Monotelismo no Concílio de Calcedônia, confira a seguinte tabela:

Monotelismo Cristianismo do Oriente pós-Concílio de Calcedônia
Afirmava a existência de uma só vontade em Jesus Cristo Estabeleceu a existência de duas naturezas e duas vontades em Jesus Cristo
Não reconhecia completamente a humanidade de Cristo Reafirmou a união perfeita e indivisível entre a natureza divina e humana de Cristo
Considerava a doutrina da única vontade essencial para a compreensão de Cristo Reconheceu a importância das duas naturezas e duas vontades para uma compreensão completa de Cristo

Essa tabela apresenta as principais diferenças entre o Monotelismo e o posicionamento do cristianismo do Oriente após o Concílio de Calcedônia. Essa resolução teológica teve um impacto significativo na forma como os cristãos orientais compreendem a pessoa de Jesus Cristo e sua relação com a divindade e humanidade.

No geral, a controvérsia do Monotelismo foi uma importante etapa na definição da cristologia no contexto do cristianismo do Oriente. O Concílio de Calcedônia desempenhou um papel fundamental ao estabelecer a doutrina das duas naturezas de Cristo, garantindo assim uma compreensão mais precisa e abrangente da pessoa de Jesus Cristo.

Conclusão

A Armênia possui uma histórica e rica herança religiosa de dois mil anos, sendo o primeiro reino a adotar o cristianismo como religião oficial. Ao longo dos séculos, os monofisitas armênios enfrentaram perseguições e controvérsias teológicas, mas permaneceram firmes em sua fé.

Apesar das dificuldades, os monofisitas armênios contribuíram significativamente para a preservação do cristianismo na região. Sua história é um capítulo intrigante na história religiosa do país e destaca a importância da resistência espiritual diante das adversidades.

A herança religiosa dos monofisitas na Armênia é uma parte integral da identidade cultural e espiritual do país, um testemunho de sua força e dedicação à sua fé. É importante valorizar e preservar essa herança, reconhecendo o papel fundamental que os monofisitas tiveram na formação religiosa da Armênia.

FAQ

O que é o Monofisismo?

O Monofisismo é uma doutrina cristológica que defende que Jesus Cristo possui apenas uma natureza, a divina. Surgiu no século V como uma reação ao Nestorianismo e ainda é professada por três igrejas independentes: a Igreja Apostólica Armênia, a Igreja Ortodoxa Síria e a Igreja Ortodoxa Copta do Egito e da Etiópia.

Qual foi a controvérsia envolvendo Nestório e a doutrina monofisita?

Nestório, patriarca de Constantinopla no século V, acreditava que Jesus Cristo possuía duas naturezas distintas, divina e humana. Essa controvérsia levou à convocação do Concílio de Éfeso em 431, que condenou a doutrina de Nestório e reafirmou a crença na natureza divina e humana de Jesus Cristo.

Qual foi o papel do arianismo na controvérsia cristológica?

Ário, um presbítero cristão de Alexandria, fundou o arianismo, uma doutrina que afirmava que o Filho (Jesus Cristo) era uma criação do Pai e que houve um tempo em que o Filho não existia. Essa doutrina foi condenada como herética pelo Segundo Concílio de Niceia em 325, mas teve seguidores até o século VII.

O que foi o Monotelismo e como foi resolvida a controvérsia em torno da vontade de Cristo?

O Monotelismo foi uma heresia surgida no Oriente que afirmava que em Jesus Cristo havia uma só vontade, fruto da identificação perfeita da vontade humana com a vontade divina. Essa controvérsia foi resolvida no Concílio de Calcedônia em 451, que afirmou a existência de duas naturezas em Jesus, a divina e a humana, cada uma com sua vontade própria.

Qual é a importância da história dos monofisitas na Armênia?

A Armênia foi o primeiro reino a adotar o cristianismo como religião oficial e possui uma rica herança religiosa de dois mil anos. Os monofisitas armênios enfrentaram perseguições e controvérsias teológicas ao longo da história, mas se mantiveram firmes em sua fé e contribuíram para a preservação do cristianismo na região.
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